Dói e não pára de doer.

Sinto-me a bater no fundo, no epicentro daquele buraco que tanto se fala e que desconhecia existir.
Sinto as forças a escaparem, a capacidade de reação vai tornando-se lenta, quase que imóvel.
As pernas dão um passo, forçosamente e lentamente, e recuam outros dois. As pegadas rapidamente são levadas pelo mar, essas ondas azuis que já não têem o mesmo significado.
As lágrimas correm pelo rosto, essas lágrimas salgadas que tanta mágoa sempre quiseram esconder, desmistificadas e substituídas pelo conhecimento do eu, pela apreciação do agora.
Mas o agora não existe mais...Escapa-se por entre os dedos das mãos, enrugados de tanto o rosto limpar, enxutos do tanto nada que me absorve.
Dói. Mas dói de verdade. Dói e não pára de doer.
Dói a alma, o coração, o olhar em outrora sempre feliz e cheio de força e que se vai desvanecendo em névoas sombrias.
Dói não saber o quê, como, quando. Não querer o porquê, o quem, o onde.
Dói ouvir, acordar, falar, adormecer.
Dói o tudo e o nada, o ontem, o hoje e o amanhã.
Dói e não pára de doer.
Tantos sonhos, tantos "queros", tantos "vou" foram construídos, para agora não mais saber deles. 
Perdi-os...e não os encontro.
Procuro aqui e ali, lá e acolá mas a luz está apagada, o interruptor não funciona, os olhos vão-se cerrando. Cerram-se os olhos, cerra-se a vida, cerra-se a vontade de continuar.
Todos temos uma missão, vimos com uma missão, tornamos e criamos uma missão..Será que a minha termina por aqui?

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