Na prática, a teoria é outra.

Escrevo e apago, volto a escrever e a apagar até que finalmente consigo construir uma frase.
Se faz sentido ou não, não me perguntem. Não exijam tanto de mim. Tenho sentido muita pressão sobre mim, está tudo à espera que eu dê o meu melhor e eu só quero desabar.
Nunca me deixam/deixo ir abaixo, faço de tudo para estar bem, ou pelo menos aparentar. Tenho de atirar areia para os meus próprios olhos e tapar os ouvidos para não me aperceber de certas coisas. Coisas essas que, quando destapo os olhos e os ouvidos, me afetam por todo o lado como flechas. É como se alguém tivesse decidido jogar tiro ao alvo e o alvo fosse eu.
O papel que represento ficou tão viciado que deixou de fazer sentido. Dizem que, "fruta podre cai sozinha" e é bem verdade. Eu pelo menos tenho caído sempre sozinha. Não preciso que ninguém me maltrate para cair.  Tudo me irrita...Tudo me revolta. Se vocês soubessem o que me passa na cabeça sempre que abrem a boca, sempre que lançam um olhar...
Costumo dizer a mim mesma que só não faço o que não quero. Então porquê que não fico bem? Quero tanto. Quero e não quero. Quero e não consigo.
Passo o tempo todo a dizer para mim mesma: " calma, respira fundo. Não vais chorar" e não choro. Pelo menos, quase sempre é assim.
Não culpo ninguém por estar assim mas já tentei pedir ajuda e de nada me valeu. Desde que mudei de psiquiátrica e psicóloga que manipulava as consultas todas, como elas costumam dizer "tenho jogo de cintura". Consigo estar uma valente merda e mostrar-lhes exatamente o contrário sem que elas percebam que estão a ser manipuladas. É verdade. É pura verdade. Com as outras não era assim. Eu bem tentava mas mal dava a curva elas já lá estavam á minha espera. Nesta última consulta, decidi ser o mais sincera possível, sem jogos. Contei-lhe que tocavam em droga todos os dias, que nas saídas á noite me descontrolava completamente com o álcool. Que TUDO me irrita, que respondo mal a toda a gente e estou agressiva de todas as maneiras possíveis com tudo e todos e até mesmo comigo. Que, subitamente, me dá vontade de esganar algumas pessoas que convivem comigo diariamente, que não vou tomar a medicação e, sobretudo, que se me fartasse disto tudo, mandava tudo com o caraças. Foi isto que lhe disse, letra a letra. Estive uma hora naquilo a que chamam de acompanhamento psicológico para ouvir um: "Pois, compreendo." . Quem não compreende sou eu. O que fui ali fazer?  Não preciso que digam que me compreendem, preciso que me compreendam, de VERDADE.
É pedir assim tanto? Parem de fingir que entendem se nem me ouvem. Parem de me dizer para tomar a medicação se eu sei que só fico bem TEMPORARIAMENTE. Vocês conseguiam lidar com a felicidade em part-time? Amar em part-time, ser amado em part-time, sorrir verdadeiramente em part-time, sei lá...ter o melhor da vida em part-time?
Se vai ser sempre assim, prefiro virar costas e pedir a reforma antecipada.



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